quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 07

Futebol ou balé, eis a questão



Lecco abre o baú. Pega um calção de jogador de futebol e veste.
- Vai jogar futebol?
Acena que sim.
- E não ta esquecendo de nada?
Acena que não.
- Acho que ta sim. Cadê a bola?
(T)
- Você nem sabe jogar bola. (T) - Sabe? Então, me mostra.
- A bola está dentro da mala.
Lecco vai até a mala, pega a bola e tenta fazer embaixadinhas.
- Ih! Parece que ta meio enferrujado!
Acena que sim.
- É melhor você desistir.
(T)
Ele vai até a platéia e seleciona cinco meninos e meninas.
- Isso não vai dar certo. Você é muito perna-de-pau.
Eles se dividem em dois times. Lecco diz que é Flamengo.
- O que foi? Ah, você é Flamengo. Ih! Vai perder até as ceroulas!
Acena que não.
- Eles são que time? (T) – Corinthians! Xi, não é querendo te desanimar não, mas acho que eles vão ganhar.
Acena que não.
- Mas, cadê as traves?
Lecco tira os sapatos, cheira, faz cara de nojo, e improvisa uma das traves. Uma das crianças faz o mesmo do outro lado.
Lecco começa a se aquecer.
- Hei! Pra que isso? (T) - Tá se aquecendo?
Ele se aquece como uma bailarina.
- Isso não vai dar certo. É melhor você desistir.
Acena que não. Depois diz que está pronto. Ele tira uma moeda do bolso, faz um truque e tira cara ou coroa. Põe a bola no meio do ‘campo’ e começa o jogo.

11º noite não dormida de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 06

A caixinha de música


A bailarina está em palco. Saia púrpura. Sapatilhas de ponta. Na ponta dos pés. E ela dança só. Gira e [re]gira e torna a girar. Incansável, satisfaz o olhar da criança.

A musiquinha uníssona invade o quarto e o mundinho que se esconde atrás dos olhos castanho-mel.

A imaginação flui além-ar, além-mar, além-além. Não há nada além-além. Há o vazio, mesmo assim, a criança imagina o vazio.
- Mesmo sendo vazio o vazio não é vazio – pensa. - Pois ele existe. Ele tem cor [ou não?].
Se tem cor não é vazio, afinal a cor pode ser concreto e pode ser abstrato e mesmo o abstrato não é vácuo, porque existe, mesmo que oco.

No oco vale tudo: serpentes engolem elefantes, mlheres viram sereias, sapos e bodes viram príncipes, enfim, o tudo vira nada, o nada vira tudo e... cria-se, inventa-se.

Peraê!? Se vale tudo, então vale bailarina se apaixonar?
E a bailarina segue seu infindável girar.

- Mas ela parece tão triste, apesar de dançar. Está só. A bailarina está só. Ela dança na solidão.
Gira: na solidão.
Ela e seu reflexo no espelho que nada mostra, além de imagens já mostradas e palavras já proferidas.

Mas lá no fundo parece que o espelho mostra o interior. A bailarina quer se esconder, apesar de achar bonita a imagem que reflete, porém ela enxerga além e lembra que já amou:
- Um soldadinho de chumbo. Suspira a criança de olhos alegres.

Ela corre, vai até o quintal e trás para a bailarina da caixinha de música um soldadinho de chumbo.

A ilusão recomeça, a imaginação flui, o vazio é preenchido e mais uma história de amor é [re] contada, sem palavras, pela criança pura e ingênua dos olhos castanho-mel.

10º noite não dormida de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 05

E se eu dançar balé...

Pierrot Ballet
(...)
- Ali! É, ali, no armário. Vai lá e vê o que tem lá dentro.
Lecco vai até o armário, abre e sorri.
- O que você vê palhaço dos olhos tristes? (T) Roupas de balé?
Escolha uma. (T) Isso! Escolha uma para você!
(T)
- O que foi? (T) Está com vergonha?
Lecco acena positivamente.
- Mas, você sempre quiz dançar balé, não é?
Lecco fica bravo.
- Ah, desculpa, não era prá comentar com ninguém, né? Tudo bem. Não tem problema, vamos guardar essas roupas então.
Acena negativamente.
- Não? Então você quer tentar? (T) Então, vai lá, escolhe uma roupa.
Lecco pega um collant feminino.
- Mas, esse aí é de menina... você... tem certeza que quer usar este aí mesmo?

(...)

Trecho da concepção original de "Lecco: O Bailarino"

sábado, 23 de outubro de 2010

Asterisco


Quando vi teus olhos cor de mel...
Mel na minha boca encheu...
Encheu minha vida de esperança...
Esperança de não ter mais que esperar...
Esperar pelo amor que sempre sonhei...
Sonhei, mas nunca me entreguei...
Entreguei meu coração só uma vez...
Vez essa que nunca esquecerei...
Esquecerei se você não estiver comigo...
Comigo onde quer que eu vá...
Vá, mas volte assim que querer...
Querer a minha boca beijar...
Beijar teus lábios sabor de pimenta...
Pimenta que refresca meus dias...
Dias que nunca olvidarei...
Olvidarei só se você me deixar...
Deixar só se você me deixar...
Deixar não posso te deixar...
Deixar não quero te deixar...
Deixar jamais vou te deixar...

9º noite não dormida de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Chega de saudade

Vai minha tristeza
e diz à ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Letra de música de Tom Jobim

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 04

Bruxa Malvada

O processo de criação de um personagem é longo. Construir uma bruxa para o teatro infantil é ainda mais complicado. Senti isso na pele nos últimos dias.

De última hora passei de Cancioneiro/Contador de História à Bruxa Malvada na peça "Feiurinha para Crianças" - concepção de Van César para o texto "O Fantástico  Mistério de Feiurinha" de Pedro Bandeira, montado pelo Teatro Ogan.

Entendamo-nos. Um dos integrantes acabou desintegrando-se do elenco de última hora. Assumi o papel imediatamente e pus-me a estudar o personagem, me embrenhei em um emaranhado de complicações, pois não encontrava uma bruxa que não fosse aquela que vira no corpo do antigo 'encenador'.

A bruxa dele era uma espécie de Cigana Moura que falava Portunhol de forma rústica e bizarra. Acabei optando por uma compilação da bruxa [des]estereotipada dele.

Quatro dias depois subi ao palco do Cine Teatro Cuiabá, com o coração nas mãos (que tremiam), não sabia se  me concentrava no texto, no sotaque ou na construção física do personagem.

Por fim, decidi-me pelo improviso e fui.

Não ficou a bruxa dos sonhos do meu diretor, mas, tenho certeza, surpreendi até mesmo a ele.

Apesar da compilação, criei, improvisei e acertei. Errei também, mas construi o que parecia impossível e, novamente, me descobri clown. Descobri minha natureza pulsando no palco, pois me deixei ser eu, senti a mim mesmo e construi algo em cima do Eu interior.

E para o Clown isso basta. Estou no caminho certo, eu acho!

Silhueta


O amor amargo dói
Pingos de chuva molham as folhas das arvores
Galhos retorcidos pelo tempo
O verde do campo desaparece em sua vastidão

Os olhos fitam à distancia a silhueta imaginária
Um corpo que brilha lá longe
Lá no fundo do imaginário do homem que ama
O coração vibra e grita palpitante

Mas o que há lá além da riqueza da imaginação humana?
Há o amor de quem ama
Há o brilho de um sentimento
Há as lembranças de uma história feliz

A silhueta se esvai
O coração permanece palpitando
O corpo já não brilha mais
Resta só a imaginação cheia de saudade e solidão

Como o Pierrot, agora chora, apaixonado pela Colombina.

8ª noite não dormida de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Desiludir

Minha vida é uma incógnita
Sucumbo na escuridão de um mundo irreal
Sou o garoto prodígio e o filho pródigo
Leve como uma pluma e pesado como o mais pesado dos metais
Sou sensível o suficiente para dizer que amo
Mas indolente o máximo para dizer quando não quero mais
Já sofri por amor
Também já sorri por amar
Sonhei com um amor eterno
Hoje luto pra me livrar da ilusão do amor inconcebível
A noite está tão fria
Gosto de alguém que não é meu
Peço tanto a deus para esquecer
Só de pedir já lembrei
Todas as músicas que falam de amor
Só me trazem lembranças
Lisbela e o Prisioneiro
Você não me ensinou a te esquecer
Mas esqueço
Depois relembro
Um dia irei te esquecer definitivamente
Amo
Mas não quero mais
Sofrer não vale mais a pena
Agora sonho
Sonho sonhos bons
Vencer
Vitória!Vitória!

7ª noite não dormida de outubro de 2010


domingo, 17 de outubro de 2010

Soneto da Separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Morais
(Antologia Poética)

sábado, 16 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 03

Eu em Menestrel
Já era Pierrot e não sabia

Pierrot...é o que sou!

Sou o palhaço tristonho, que veste as cores mais simples:
o branco e o preto - a luz e a escuridão.
Sou eu palhaço sem risos, de grandes amores e dores maiores ainda.
Sou eu o palhaço que sonha, os sonhos das dores, de amores que nunca vivi, só devaneei, sonhei, inventei.
Sou eu o palhaço amante das palavras, que usa e abusa dessas suas amadas agora vistas no papel.
Sou eu o palhaço adorador das cores, que as ama e repulsa, escolhendo a simplicidade de todas as cores em uma e mais o preto, o luto por sua dor.
Sou eu o palhaço/criança, que com essas palavras infantis e um coração ingênuo descrevo emoções da alma no papel.
Sou eu o palhaço/poeta, que viu nas palavras a possibilidade de um novo mundo, entre a realidade e a fantasia.
Sou eu um Pierrot, palhaço de cores simples, mas sem sorrisos a expor, amante de Colombinas, que preferem a variedade das cores, á união das mesmas na simplicidade de uma única.
Sou eu um Pierrot, palhaço perdedor, que sempre perde o amor de Colombina para um tal de Alerquim, palhaço chinfrim, que usa cores separadas e um sorriso de escárnio.
Sou eu um Pierrot, palhaço agora sem amor, que vê o coração das amadas nas mãos do zombador.
Sou eu um Pierrot, palhaço sem amor, que aguarda pelo dia em que encontrara a Colombina, que aceitara seu tolo amor.
Serei eu realmente um Pierrot?
Sim. Definitivamente o sou.
Pierrot.

6ª noite não dormida de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 02

Palhaço Bolota (Van César)

Palhaço Papinha... a primeira experiência:

Se vestir de palhaço pela primeira vez, para mim, foi como dar o primeiro beijo na boca. (Brincadeira. Exagerei prá deixar o texto mais divertido).

Hoje, Dia da Criança, coloquei uma roupa de palhaço colorida e fui com o meu diretor de teatro, Van César, para uma tarefa voluntária - animar crianças em um ato social realizado anualmente pela sociedade civil organizada de minha cidade.

Meu diretor, sempre criativo, nomeou-nos como Papinha (Eu) e Bolota (Ele).

Fui, para mais um teste de talento. A príncipio, fiquei perdido em meio a tantas crianças. Elas se penduravam nas minhas pernas, quase arrancavam a minha roupa, passavam a mão em minhas nádegas.

- Deixe fluir o palhaço que há dentro de  você! - Disse uma voz do além. (Mentira)

Aos poucos me [des]constrangi e me soltei. Saiu um palhaço diferente: amigo, conquistador, preguiçoso. Eis o Papinha.

Conquistei amiguinhos imediatos, a Júlia foi uma delas. Não me largava um minuto, não queria saber dos demais palhaços.

Acabei me divertindo bastante, apesar de ter sentido que não estava a vontade dentro da roupa que vestia e por tras da maquiagem que usava.

Entretanto, essa foi a minha primeira experiência. Confesso, gostei da ideia e a cada dia que passa, mais e mais me interesso por este desafio: clown.

5ª noite não dormida de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ensaio Nº. 01

Balé não é coisa prá menino

"Lecco: O Bailarino"
A construção:
Aos 11 anos fiz balé na escola, mas balé não era coisa prá meninos, diziam meus colegas.
Você acha que parei? Claro que não! Continuei.
A professora Fátima me ensinou muita coisa em poucos meses, ganhei sapatilhas e até notas melhores no Diário Escolar.
Claro que eu não levava minhas sapatilhas para casa, minha mãe nem sonhava com isso.
Ela queria mesmo que eu fosse doutor, médico, advogado...
Aliás, tudo menos artista.
- Artista é tudo vagabundo! - Dizia.

Um dia aprendi a fazer Coupé, um saltinho rápido e básico de balé clássico, e cheguei em casa e pus-me a dar pulinhos pela cozinha enquanto mamãe terminava o almoço apressada, pois tinha que ir trabalhar.
Ela parou por um instante, enquanto eu saltitava despercebido e disse:
- Que coisa de viadinho é essa?!
Eu disfarcei. Fui para o quarto e fiquei saltitando em frente ao espelho.
Eu tinha 11 anos.
Eu sonhava ganhar o mundo, fazer escola em Paris, Berlim, Moscou.
Como eu sempre fui esguio, leve, disciplinado, solto (sem confusões), me dava muito bem nas aulas de balé.

Cinco meses depois da primeira aula fiz a minha primeira e única apresentação de balé em público, era uma música linda, na época eu não sabia o nome, hoje sei e a evito: Suíte n. 1 de Bach.


Suíte Nº. 1 de Sebastian Johan Bach

A apresentação foi fantástica, apenas eu e uma menina, que preservarei o nome, dançamos muito bem, aliás, agradamos ao gosto aguçado da professora.
Pena que os meus coleguinhas não gostaram muito da ideia, a partir daí surgiram as brincadeirinhas, as chacotas.
- Oi bailarina! Que sapatilhas lindas.
Coisas do tipo.

Certo dia um menino, o qual eu odiava religiosamente, Gil (mar), ultrapassou os limites e me fez tomar atitudes mais drásticas, o que lhe rendeu alguns pontos na altura do ombro direito.
No final do recreio, eu já estava em minha sala, ele passava no corredor, olhou pela janela e provocou:
- Cadê as sapatilhas, bichinha?
Não pensei uma vez, pulei a janela munido de um estilete feito de uma mistura de tubo de caneta e lâmina de apontador de lápis e o golpeei na altura da garganta acertando-lhe (por sorte) no ombro direito.
A lâmina atravessou a malha do uniforme e penetrou profundamente na carne do menino.
Ele pôs-se a chorar, eu o olhava, enquanto era rodeado por alunos, professores, coordenadores, diretor e  por fim, minha mãe.

Resultado:
 - Nunca mais vai fazer balé. Coloquei um homem no mundo, não um viado.
Eu tinha 11 anos, não tinha condições de enfrentar isso sozinho.
Esse fato afetou 'grandemente' em minha personalidade, mais tarde uma psicóloga me diria que muitas das minhas limitações com a dança eram provenientes deste ocorrido.

Hoje estou disposto a rever conceitos e voltarei a fazer algumas oficinas de balé, como parte integrante do laboratório de montagem e/ou 'encontro' do meu clown, afinal de contas, este foi um dos meus primeiros sonhos destruídos, ressequidos, abandonados.

4ª noite não dormida de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Meu aniversário

Hoje faz 26 anos que estou atuando neste imenso palco chamado vida.
Ainda não me encontrei... nem sei se quero, se devo.
Meus amigos, os  poucos e maravilhosos que tenho, compraram um bolo e Coca-Cola, me abraçaram...
com minha mãe falei apenas por telefone, ela chorou - sempre chora - eu a amo.
Tá bom! Eu confesso que chorei o dia todo como uma criança que perdera o brinquedo favorito...
parece que cada vez os dias, os meses, os anos, os momentos, passam mais depressa.
Abaixo algumas palavras deste "Eu" famigerado, utópico, melancólico, que atua nos palcos de ficção ou não:
O despertar de um clown
"O meu último cigarro" - Monólogo de 2007

O Palco m'Eu

Minha vida é um palco
Onde nos meus erros encontro-me
E nos ensaios vou me aperfeiçoando
Vou recebendo palmas e risos
Também vaias (muitas vaias)
O carinho dos que me assistem
O baque dos que tentam me derrubar

Me fortalece
Que entram e saem
Das cenas da minha vida
A platéia em pé ou sentada
Espera novas peças, novos shows
Então mais risos e mais palmas
E vaias
Carinhos de pessoas novas
De pessoas antigas
Novos ensaios, novas descobertas
E de aplauso em aplauso,
E vaias e vaias
Novamente sozinho
Da mesma forma que começou
Vou preparando novos textos, novas cenas
Ensaiando
Sem público e sem carinho
No desejo de estar novamente acompanhado
De portas abertas
Aos que me aplaudem, criticam e completam...
Vou vivendo
Cada dia mais e mais
Vivendo

3ª noite não dormida de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

Repetição

Bandeira do Capitalismo

Partindo do pressuposto antropofágico
Que o homem nunca se afastou
Engolidores de tochas de carne viva
Diante a uma sociedade devoradora de sonhos
Trabalho inconsciente
Todos nós geradores de mais valia,
Bandeira do Capitalismo!
Cada um sempre e sempre...
Castração habilidosa, cuidadosa e planejada
Prisão de sonhos,
Vida efêmera, tensão, abstinência.
Eixos para amar, mas... o que?
A vida! Sim a vida...
Acesso? Quem é esse?
Busca, rebusca, robusta.
Competências, flexibilidades.
Trabalho multifacetado
Configurado para a escravização.
E perante a tudo isso:
Nasce mais um bebê na maternidade.
Esperança do brilhar do sol e do cair da aurora,
Nas bases de uma nação mecanizada
E presa ao padrão
Será que é necessária a reprodução?
Pra que?
Se tudo que vemos é repetição!

1ª noite não dormida de outubro de 2010